Confusos com muitas postagens na comunidade on-line, muitas vezes recebemos perguntas sobre se podemos ajustar o deslocamento definido de fábrica de uma nova máquina porta-filtro em nossa oficina. Infelizmente, essas postagens às vezes causam mais confusão do que ajudam. Aqui você pode descobrir mais sobre as conexões e por que a configuração geralmente não é eficaz.

O deslocamento de uma máquina porta-filtro: influência na temperatura alvo e por que a configuração do deslocamento nem sempre é eficaz

O controle da temperatura desempenha um papel crucial na preparação do café expresso. Uma temperatura precisa garante a extração ideal dos sabores do café e evita amargor ou acidez indesejados. Muitas máquinas de porta-filtro oferecem a opção de definir o chamado “offset” para ajustar a temperatura de preparo. Mas o que é exactamente a compensação, que influência tem na temperatura alvo e porque é importante não considerá-la como a única solução?

Qual é o deslocamento em uma máquina porta-filtro?

O deslocamento é uma diferença de temperatura que existe entre a temperatura medida da caldeira e a temperatura real de infusão no cabeçote do grupo da máquina. Como a temperatura na caldeira costuma ser superior à temperatura real que o café atinge no porta-filtro, essa diferença é levada em consideração no offset.

Muitas máquinas portafiltro modernas possuem displays digitais ou controladores PID (proporcional-integral-derivativo) que monitoram e controlam a temperatura na caldeira. O deslocamento é usado para ajustar a temperatura da caldeira de modo que a temperatura real de distribuição no cabeçote do grupo corresponda à temperatura alvo desejada. Por exemplo, a máquina pode estar regulada para 95°C, mas a temperatura real que atinge o café é de cerca de 93°C. Essa diferença é então compensada usando o deslocamento.

A influência do deslocamento na temperatura de fermentação

O deslocamento é uma ferramenta útil para otimizar a temperatura de infusão, pois compensa as perdas naturais de temperatura no caminho da caldeira até o cabeçote do grupo. O deslocamento permite que a máquina seja ajustada para uma temperatura que garanta uma extração ideal.

A temperatura de preparo tem influência direta no sabor do expresso. Uma temperatura mais baixa resulta numa extração mais ácida, enquanto temperaturas mais altas extraem mais substâncias amargas e menos ácidas. São necessárias temperaturas de preparo ligeiramente diferentes para diferentes grãos de café e torrados, a fim de obter o melhor sabor.

Por que a configuração de deslocamento nem sempre é eficaz

Embora o deslocamento teoricamente leve em conta a diferença de temperatura, na prática nem sempre é o melhor método para atingir a temperatura alvo. Existem vários motivos pelos quais o simples ajuste do deslocamento pode não surtir o efeito desejado:

  1. Flutuações de temperatura no sistema: A temperatura na caldeira nem sempre é uniforme. O grupo de infusão também pode estar sujeito a flutuações de temperatura, por exemplo devido à perda de calor durante intervalos mais longos ou devido à infusão contínua. No entanto, o deslocamento pressupõe uma diferença constante, o que nem sempre é o caso na realidade.
  2. Condições ambientais: Fatores como temperatura ambiente, umidade e condição da máquina (por exemplo, tempo de aquecimento) influenciam a temperatura real de preparo. Um deslocamento fixo não pode levar em conta essas variáveis, o que pode resultar em uma temperatura de infusão imprecisa.
  3. Perda de calor durante longos períodos de paralisação: Após longos períodos de paralisação entre utilizações, o grupo cervejeiro arrefece. A máquina não pode retornar imediatamente à temperatura desejada, mesmo que o deslocamento esteja definido corretamente. Uma chamada “lavagem de resfriamento” (lavagem breve do grupo de distribuição) pode ser necessária para estabilizar novamente a temperatura.
  4. Dinâmica de transferência de calor: A transferência de calor da caldeira para o grupo cervejeiro é um processo complexo que depende de muitos fatores, como a massa do grupo cervejeiro, o fluxo de água e o tempo de contato. O offset ignora estes processos dinâmicos e, portanto, não pode controlar com precisão a temperatura alvo em todas as situações.

Abordagens alternativas para controle de temperatura

Em vez de depender apenas da compensação, existem outras abordagens que podem ajudar a otimizar a temperatura da bebida:

  • Controle PID: Um bom controle PID pode compensar as flutuações de temperatura na caldeira e no cabeçote do grupo com mais precisão. A unidade de aquecimento é regulada dinamicamente para garantir a temperatura mais constante possível.
  • Técnicas de descarga: Para sistemas de circuito duplo ou trocadores de calor, uma descarga de resfriamento antes do uso pode ajudar a estabilizar a temperatura na cabeça do grupo e compensar as flutuações.
  • Manutenção regular: Uma máquina porta-filtro bem conservada tem menos problemas com perda de calor e flutuações de temperatura. Tubos calcificados ou vedações inadequadas podem ter um impacto negativo no controlo da temperatura.

Conclusão: o deslocamento é útil, mas não tudo

A compensação de uma máquina porta-filtro é uma ferramenta útil para otimizar a temperatura de preparo, mas não deve ser considerada a única solução. Vários fatores, como flutuações de temperatura, condições ambientais e dinâmica de transferência de calor, desempenham um papel importante no controle da temperatura. Uma combinação de deslocamento bem ajustado, controle PID, técnicas de descarga e manutenção regular garante uma temperatura de preparo mais consistente e precisa - e, portanto, melhor qualidade de café expresso.